...em se tratando de crescer...

Quando a vida se faz pulsante
Quando o entusiasmo nos contagia
Quando percebemos a beleza de uma flor

Conseguimos esquecer as dores do viver
Conseguimos olhar pro outro com compaixão
Conseguimos fazer jorrar do amor, a doação

Quando paramos prá refletir no sofrimento alheio
Quando estamos próximos de nossa essência
Quando continuamos a batalha do auto-conhecimento

...é sinal de que despertamos da inércia
...é sinal de que mesmo que doa, queremos crescer
...é sinal de que a vida está valendo a pena

SOLIDÃO ANUNCIADA

OUÇO SURDA VOZ
RUGE
SUSSURRA
SUSPIRA
NÃO CONSIGO TRANSMITI-LA!

SINTO A DOR
ANUNCIAR-SE
TOCAR-ME
RODEAR-ME
NÃO CONSIGO DELA FUGIR!

PERCEBO OUTRA VEZ
O TORMENTO
O LAMENTO
O INFERNO
COMO PODERIA DOUTRA FORMA SER?

SEMPRE ASSIM FOI!...
SÓ, SOZINHA!
SÓ, ACOMPANHADA!
DOLOROSAMENTE SÓ!!!

MODIGLIANI DESPERTA

FÁCIL PARA MIM SERIA POUSAR
QUAL LEVE BORBOLETA
MEUS LÁBIOS CONTRA OS TEUS
CARMINS, COMO O FINO SANGUE

DIFÍCIL SERIA O DEPOIS NÃO REPOUSAR
QUAL PESADO FARDO GRITANTE
MEU CORPO SOBRE O TEU
COMO A MAIS MERA DAS MORTAIS!!!

CAMINHOS A PERCORRER

Se conhecerei o cheiro das estrelas
Se enxergarei onde ninguém vê
Se voarei por vales, montanhas
Se chegarei tão perto da minha essência
Se conseguirei fluir com a dança da vida


Se, em meio a tormenta, tiver equilíbrio
Se, um dia, chegar a fazer parcerias harmoniosas
Se conseguir acrescentar algo de bom a quem me cerca
Se, mesmo desgostosa e lamentosa, tiver paciência prá ouvir o outro
Se compreender que cada ser carrega um universo em si mesmo


Se souber fazer valer o meu querer, não por orgulho, mas por me saber
Se tiver a capacidade de libertar o outro, sabendo que ele não está feliz comigo
Se contemplar o sol que se põe e sentir-me agradecida por isso
Se vir no dia que começa, mais uma oportunidade de aprender um cadinho que seja
Se visitar o inferno, e de lá sair, sabendo que existe também o céu


Se lamentar-me menos e agir com mais amor no coração
Se não permitir que o outro desperte meu lado ruim
Se não me deixar levar por lembranças amargas
Se não perder a fé no ser humano e em mim mesma
Se cultivar tolerância, compreensão, compaixão


Se caminhar a trilha da vida, sabendo que as coisas são impermanentes
Se tiver presente em mim, que nem tudo que desejo, é o melhor prá mim
Conhecerei muitos outros "se", pela vida afora, mas eles não me derrubarão
Porque a cada "se" que surgir, terei patrimônio interior prá aceitar
Que nem tudo é como quero e que esta é a mágica da vida.

É ASSIM QUE TE QUERO

NÃO PRECISA MUDAR...
MEU PEITO E MINH'ALMA
ACEITAM-TE COMO ÉS
CARINHOSO, TRAQUINAS, DESAJEITADO...
SEM PERCEBER-ME DO JEITO QUE EU GOSTARIA
MAS, ME LEVANDO ATÉ O PARAÍSO
QUANDO ME FAZES MULHER E EU SINTO
QUE FAZES COM QUE EU ENCONTRE O MELHOR DE MIM
SE SOU TUA E TU ÉS MEU
CONVIVEREMOS COM NOSSAS DIFICULDADES
E ALEGRAREMO-NOS NAS AFINIDADES
MEU CORAÇÃO QUE TANTO TE PROCUROU
HOJE ESTÁ PRONTO PRÁ QUE VENHAS COMO ÉS
MINH'ALMA QUE TANTO CHOROU TUA FALTA
REGOZIJA-SE PORQUE INTUI-TE PERTO
NÃO PRECISA MUDAR...
É ASSIM QUE TE QUERO!!!!

NADA DE PROMESSAS

NADA DE PROMESSAS
A BOCA DIZ, COM CERTEZA
NADA DE PROMESSAS
OS OLHOS DESDIZEM

NADA DE PROMESSAS
QUANDO JÁ HÁ BEIJOS NO AR
NADA DE PROMESSAS
QUANDO OS CORPOS SE QUEREM

NADA DE PROMESSAS
COMO SE POSSÍVEL FOSSE PREVER
NADA DE PROMESSAS
QUANDO DE NADA SE SABE

NADA DE PROMESSAS
QUANDO O ENCONTRO É TÃO REAL
NADA DE PROMESSAS
NADA DE PROMESSAS

ANTEGOZÁTICAS SIMBIOSES

ANTEGOZANDO ÊXTASES, PONHO-ME A SUPOR
ESTARÁ O AMOR FORÇOSAMENTE LIGADO A DOR
ANTECIPANDO ORGASMOS, PERGUNTO A MEU SER
HAVERÁ CERTEZAS EM MEIO A ESPASMOS?!?

SACIANDO CARÊNCIAS, SEDES, FOMES...
MAIS SE ME TOMES, MAIS POSSE DE MIM MESMA
SIMBIOTIZANDO JURAS, PROMESSAS, OLHARES...
MAIS SE ME ATRELES, MAIS CAOTICAMENTE PERDIDA A ESMO

INTER-AGIR, INTER-SER, INTER-CEDER
CO-LABORAR, CO-EXISTIR, CO-AGIR
VERTENTES DE UM MESMO ABISMO
PROFUNDIDADE SOBRE O QUE TANTO CISMO!

POLICROMIA INÉDITA E EMERGENTE
ARQUÉTIPOS AO CHÃO, PARADIGMAS SUBMERGINDO
DANÇA ATÍPICA DE QUEM, OUTRORA NÃO SOUBE BAILAR
CANÇÃO DE SEREIA DE QUEM, ORA, APRENDE A ENTOAR!

Janice Lopes em 19/02/98

EU E A LUA

A URGÊNCIA SE FAZ PRESENTE
NESSE QUERER TÃO ARDENTE
QUEIMO EM BRASAS ACESAS

MINH'ALMA QUAL VULCÃO
ESPALHA LAVAS QUE QUEIMAM
O QUE A MINHA VOLTA ESTÁ

MEU SER ENLOUQUECIDO
NÃO ENCONTRA REFRIGÉRIO
PULSA TANTO.. QUE ESTRANHO!

SE NÃO TE SEI
NÃO SEI COMO
MOSTRA, APARECE

DE MEU SER SOLITÁRIO
JÁ NADA SEI
CANSEI DE PROCURAR

VEM FAZER-ME TUA
CHEGA, JÁ ESTOU NUA
FICA COMIGO E COM A LUA

FRENESI

A ARDÊNCIA DE QUERER

SACIAR MINHA FOME E SEDE

URGENTE SE FAZ

MINH'ALMA CONSOME-SE

EM BRASAS ACESAS

EM MÚLTIPLOS VULCÕES

MEU SER INTEIRO CORRÓI-SE

EM DESEJO PROFUNDO

EM VERTER TODOS OS AIS

COMO SE NÃO TE ENCONTRO?

QUANDO, SE TANTO TARDAS!

ONDE, SE NÃO SEI-TE EU

NUANCES DE SER

VIVÊNCIA, EXPERIÊNCIA
QUERÊNCIA, MALEMOLÊNCIA

ADJETIVO, SUBSTANTIVO
VERBO, COMPLEMENTO

ÁGUA, TERRA
FOGO, AR

CÉU, INFERNO
INVERNO, PRIMAVERA

DOMINGO, SEGUNDA
TERÇA, QUARTA

SI BEMOL, FÁ SUSTENIDO
RÉ MAIOR, DÓ MENOR

COM TUDO ISSO EM MIM
VALOR, ENCONTRO, ENFIM

SE EU PUDESSE...

SE EU PUDESSE...
DESAPRENDER TUDO QUE ME ENSINARAM
ESQUECER QUE VIVEMOS ROTULADOS
DEIXAR DE LADO, CONVENÇÕES, ARTICULAÇÕES

SE EU PUDESSE...
FAZER VALER MEU QUERER
FLUIR COM A VIDA PRÁ ONDE ELA ME LEVASSE
DESFAZER-ME DE HÁBITOS, COSTUMES

SE EU PUDESSE...
MERGULHAR PROFUNDAMENTE EM MIM
E SÓ FAZER VALER MEUS REAIS DESEJOS
DEDICAR-ME SÓ AO QUE GOSTO DE FAZER

SE EU PUDESSE...
NÃO ME ACOMODAR E SÓ SER
NÃO ME IMPORTAR E SÓ VIVER
NÃO ME QUESTIONAR TANTO

SERIA MAIS MULHER, MAIS CRIANÇA
MAIS PURA, MAIS "PECADORA"
MAIS SOLTA, MAIS LIVRE
MENOS OS OUTROS E MAIS EU

AVENTURAS HIPOTÉTICAS

Leve qual borboleta

Comecei a passear

Vi rios, montanhas, flores

Arco-íris e vulcões



Pesada qual elefante

Propus-me a caminhar

Vi ribanceiras, desertos

Cheguei a ver o mar



Leve como uma pluma

Aprendi a dançar

Fiz movimentos sinuosos

Malabarismos com as mãos



Pesada como uma grande pedra

Intentei rolar e o consegui

Só que na queda, ralei, me escoriei

Bastante me machuquei



Depois de um e de outro

Do leve e do pesado

Ando achando que o melhor

É equilibrista me tornar

SOBREVIVENTE DA MINHA PRÓPRIA GUERRA

APRENDI A NADAR
COM MINHAS PRÓPRIAS LÁGRIMAS
PRÁ NÃO ME AFOGAR
APRENDI QUE PRECISAVA ME VIRAR

QUANDO ERAM TANTAS
QUE NADA ESTANCAVA, BOIAVA
QUANDO EM MENOR VOLUME
NADAVA TODO OS ESTILOS

APRENDI QUE ERA SOZINHA
QUE SE NÃO LAMBESSE MINHAS FERIDAS
MORRERIA...ALI...DESAMPARADA...DESVALIDA
CARECEU, ENTÃO, CONVIVER COM A SOLIDÃO

APRENDI QUE A VIDA ERA CRUEL
QUE COISAS DOÍDAS ATROPELAVAM-ME O SER
SEM NENHUM AVISO, E COM BRUSQUIDÃO
DESDE MUITO CEDO APRENDI A DEVANEAR

APRENDI QUE PRÁ SOBREVIVER A TANTA DOR
PRECISAVA ENCONTRAR REFÚGIOS
QUE SÓ EU CONHECESSE
ONDE SÓ EU TINHA PASSAGEM

APRENDI COM O FERRO QUENTE NA CARNE
COM O EGOÍSMO DE QUEM ME RODEAVA
QUE PRECISAVA SER FORTE, AINDA QUE TENRA
OU SUCUMBIRIA À MINHA PRÓPRIA SORTE

JANICE LOPES EM 07/04/08 ÀS 2;04HS

GRITOS DOS POROS

ONDE ESTÁ VOCÊ
MEU DOCE QUERER
MEU CÚMPLICE, PARCEIRO
AMADO, AMANTE

COM QUEM CONVERSAS
POR QUE RUAS TRAFEGAS
AQUI? ALI? LÁ? ACOLÁ?
ONDE, POR QUE, COMO

SÓ NAS ESTRELAS ENCONTRAR-TE-EI?
SÃO TANTAS...TÃO LONGUÍNQUAS
DÁ-ME UM SINAL, PEQUENO QUE SEJA
PRÁ QUE EU CONTINUE A TUA ESPERA

VISITA-ME EM SONHO
A PORTA ESTÁ ABERTA
VEM CURAR MINHA FERIDA
QUE SANGRA AOS BORBOTÕES

O TEMPO URGE
PRECISO VER-TE
NECESSITO SABER-TE
MEU SER GRITA POR TER-TE

Janice Lopes, em 05/05/08

MÁGICAS DOS SENTIDOS

O desejo se faz presente
De repente, a qualquer momento
Mas na madrugada, é mais fácil
Flui com o silêncio da noite

Queria você, que desconheço
A me erotizar, fazer viajar
Atravessar a barreira do possível
Aterrisar no mágico encontrar

Dois corpos enlanguecidos
Duas almas em comunhão
Como se nada mais
Tivesse sentido ou existido

Ali, na alcova, nós dois
Tu e eu, despudoradamente felizes
Eu e tu, voluptuosamente enlaçados
Dois seres, separados, mas juntos

Sem conceito, sem preconceito
Sem malícia, sem falsos pudores
Com entrega, com tesão
Com delícias e carícias

Viajando sem veículo
Porque os corpos já desmanchados
Em prazer e êxtase
Visitam o tempo de amar

Janice Lopes, 2:19hs de 05/05/08

MADRUGADAS E INTROVERSÕES

Mais uma vez cá estou
Só e insone
A madrugada como companheira
A noite como confidente

Busco o cerne de meu ser
Prá que possa entender
Uma história tão marcada
Por lágrimas, lutos, dores

Deito-me qual feto
Aninhado no útero materno
Querendo, o que tive
Quando lá estive

A inconsciência do existir
A comida que chegava sem esforço
O espaço prá me deleitar
A redoma a me salvar

Desde o primeiro grito
_Nasci, estou viva
Cuidem de mim
Prá que não morra a míngua

Até hoje quando
Tantos invernos, primaveras
Outonos, Verões
Já se passaram

Persigo o amor
Pode ser uma dose
Pode ser uma gota
Pode ser inventado

Só quando ele resolver
Repentinamente, visitar meu ser
A angústia cessará
A fogueira acender-se-á


Janice Lopes 2:04 de 05/05/08

DESMATERNIDADE

NA JANELA DA ALMA
LÁGRIMAS NÃO DERRAMADAS
RISOS CONTIDOS, SENTIMENTOS REPRIMIDOS

MERGULHO A BUSCAR
TRANSMUTAR, TRANSFORMAR
DILUIR, DERRETER, QUEM SABE ME ACHAR

ACONCHEGO NEGADO, SEIO QUE MACHUCA
BEIJO PROIBIDO, MATURIDADE ACELERADA
PÉS MACHUCADOS DE ÁRDUA CAMINHADA

BRIGAS A LUZ DE VELAS
MATERNIDADE, FRIA SENTINELA
DEDO EM RISTE PARA FLOR EM BOTÃO
TORNANDO TÃO TRISTE A BUSCA DE ENTÃO

Janice Lopes em 28/07/98

FOME DE AMOR

NO PEITO MORA O ARDOR
N'ALMA O CALOR, SABOR
DO CORPO EXALA O ODOR
DO FRUTO PROIBIDO
DO ENCONTRO NÃO PERMITIDO

ACORDO...
ACÔRDO TÁCITO
COM A VELHA SENSAÇÃO
CARÊNCIA EXPLODINDO QUAL VULCÃO
MAR TORMENTOSO EM APARENTE CALMARIA

QUANDO O LUAL?
QUEM O TAL?
ONDE O REPOUSO?
POR QUE O NÃO GOZO?

ESFOMEADA, ALUCINADA
LOUCAMENTE APAIXONADA
PELO JOGO SEM PARCEIRO
PELO DOIS QUE SÓ É UM!

Janice Lopes em 06/08/98